Bem-vindo à "Quinta Cultural"! Nesta coluna especial, mergulharemos semanalmente em um universo repleto de livros, músicas, filmes e entretenimento, especialmente selecionados para os operadores do Direito.
Sabemos que a rotina jurídica pode ser intensa e desafiadora, e é importante reservar um tempo para nutrir nossa mente e alma com expressões artísticas e culturais.
Aqui, iremos explorar obras literárias que nos transportam para universos fascinantes, músicas que tocam nossos corações e nos inspiram, filmes que nos envolvem em narrativas cativantes e opções de entretenimento que nos permitem desconectar do trabalho e aproveitar momentos de lazer.
Acreditamos que a cultura é um elemento essencial para aprimorar nosso conhecimento, ampliar nossa perspectiva e enriquecer nosso cotidiano como operadores do direito. Portanto, todas as quintas-feiras, estaremos prontos para compartilhar recomendações, resenhas e insights sobre diversas obras culturais que podem iluminar e encantar sua jornada.
Esteja preparado para descobrir novos autores, artistas e produções que podem enriquecer sua bagagem intelectual, estimular sua criatividade e oferecer um refúgio nas pausas merecidas.
Coordenada pelo advogado Carlos Eduardo Paiva, a "Quinta Cultural" está aqui para inspirar, entreter e despertar seu lado artístico e cultural, promovendo um equilíbrio saudável entre a vida profissional e o enriquecimento pessoal.
Então, prepare-se para explorar um mundo de cultura e entretenimento especialmente selecionado para você, operador do Direito. Aproveite cada descoberta, mergulhe em novas histórias e deixe-se levar pela magia da arte e da cultura.
Bem-vindo à "Quinta Cultural" - onde a cultura e o Direito se encontram em uma harmonia perfeita!
Coisas
Aqui neste espaço escreverei pequenas notas sobre qualquer assunto que desperte algum interesse — livros, cinema, música, pintura, gastronomia... Não haverá preocupação maior do que o simples registro dos autores lidos, dos filmes vistos, das músicas ouvidas, mais ou menos isso. Por vezes nem mesmo isso. Alguns arremedos de ensaios ou quando muito uma écfrase. Tudo somente para compartilhar com o leitor a lista infinita e sempre transitória das paixões que nos guiam, ou antes nos carregam, vida afora. E não tendo outro nome melhor — havia pensado em copiar Câmara Cascudo na cara dura ao chamar este espaço «Bric à Brac» — vai Coisas mesmo. Moacir Santos que me perdoe.
Vi e revi nos últimos dias quase todos os filmes do Nelson Pereira dos Santos. Filmes e mais filmes que ensaiam compreender o Brasil em suas contradições históricas mais perversas. Com algum esforço, pode-se dizer que a obra cinematográfica do Nelson equivale no cinema brasileiro aos estudos inaugurais de um Sérgio Buarque de Holanda, de um Gilberto Freyre, de um Caio Prado Jr., talvez até de um Paulo Prado. Sua obra, influenciada pelo Neorrealismo italiano e pela Nova Onda francesa, é um marco indiscutível para o surgimento do Cinema Novo, porque apresentou um novo país aos próprios brasileiros e ao resto do mundo, da miséria e das desigualdades, do sofrimento e da indiferença, tudo muito distante das praias e do carnaval cariocas, do futebol e da metrópole paulista, da euforia do «50 anos em 5» e das promessas do progresso e da modernidade.
Por trás da aparente felicidade do imenso paraíso tropical, havia um rescaldo insuspeito de muita dor e sofrimento. A partir de Nelson possivelmente se estabelece uma estética da pobreza, uma imagem da miséria que atinge seu ápice na saga de Fabiano, Sinhá Vitória, os dois meninos e Baleia.
Para além dos clássicos mais conhecidos, como «Vidas Secas» e «Memórias do Cárcere», filmados desde as obras do Graciliano Ramos, e «Tenda dos Milagres» e «Jubiabá», a partir dos romances do Jorge Amado, me parecem ainda mais significativos atualmente os dois primeiros filmes do Nelson — «Rio, 40 graus», de 1955, e «Rio, Zona Norte», de 1957, justamente por conta do contexto social da miséria pública e privada de ontem e de hoje, das vidas invisíveis dos moleques de rua nos semáforos dos bairros nobres, das vidas de artistas de grande sensibilidade aniquiladas em silêncio dia a dia nas periferias.
Nada nesses filmes lembra a melancolia blasé bossa-novista, para tomar emprestado a ideia de José Ramos Tinhorão de que a Bossa Nova seria um movimento dos jovens de classe média da zona sul carioca em contraponto à cultura dos morros [é preciso ler todos os livros do Tinhorão o quanto antes].
«Rio, 40 graus» e «Rio, Zona Norte» são antes de tudo um retrato de uma cultura mais autêntica, porque mais representativa dos dilemas sociais, na qual o samba, além de música popular, revela muito mais honestamente o imaginário das pessoas das periferias cariocas.
É impossível passar impune pela alegre tristeza de Grande Otelo ao cantarolar os sambas de partido-alto de Zé Keti em «Rio, Zona Norte». Aliás, há ator maior neste calabouço que é o Brasil? Desconfio que não. Macunaíma e Espírito da Luz, dois dos maiores personagens vividos por Grande Otelo, são a encarnação ideal de um Brasil maltratado que insiste em sorrir. Se você não se emociona minimamente com a cena de Espírito da Luz ao cantar seu samba para Ângela Maria, marcando o ritmo com uma caixa de fósforos, é porque ainda vive segundo o pacto comum pelo desprezo às vidas humanas que se degradam a cada dia em todas as esquinas do Brasil.
Nelson Pereira dos Santos ousou nos mostrar um Brasil que ainda ignoramos.
Carlos Eduardo Paiva.
Para assistir, clique aqui. Música The Girl From Ipanema, do Getz/Gilberto, 1965, com Astrud Gilberto.
A melodia eterna que conquistou o mundo.
Getz/Gilberto e Astrud Gilberto criam uma obra-prima da bossa nova.
"The Girl From Ipanema", uma das músicas mais emblemáticas da bossa nova, eternizada na interpretação de Getz/Gilberto com Astrud Gilberto em 1965, é um tesouro musical que atravessa gerações e continua encantando ouvidos ao redor do mundo. Com sua melodia suave e letras poéticas, a canção nos transporta para a atmosfera mágica das praias cariocas, capturando a essência da cultura brasileira.
"The Girl From Ipanema" é uma colaboração entre o saxofonista Stan Getz, o violonista João Gilberto e sua esposa Astrud Gilberto, que também assumiu os vocais na faixa. Lançada no álbum homônimo, a música rapidamente conquistou o público internacional e se tornou um clássico do gênero. Sua popularidade transcendeu fronteiras e se tornou um hino da bossa nova, representando a elegância e a sensualidade característica do estilo.
A melodia suave e envolvente de "The Girl From Ipanema" é um convite para uma viagem musical. A voz serena de Astrud Gilberto, com seu sotaque cativante, flutua sobre os acordes delicados do violão de João Gilberto e o saxofone de Stan Getz, criando uma harmonia perfeita que transporta os ouvintes para as praias ensolaradas do Rio de Janeiro. A música transmite uma sensação de tranquilidade e leveza, permitindo que nos deixemos levar pela atmosfera descontraída e romântica que ela evoca.
Além da melodia, a letra de "The Girl From Ipanema" também possui um encanto único. Escrita por Vinicius de Moraes e Norman Gimbel, a canção descreve poeticamente o encantamento sentido ao observar a passagem graciosa de uma garota pelos caminhos de Ipanema. A simplicidade das palavras e a delicadeza da narrativa fazem com que nos conectemos com a história e a atmosfera retratada, reforçando ainda mais a magia da música.
A colaboração entre artistas talentosos como Stan Getz, João Gilberto e Astrud Gilberto resultou em uma obra-prima da bossa nova. "The Girl From Ipanema" se destaca não apenas pela sua beleza musical, mas também por seu impacto cultural. A música trouxe a bossa nova para o cenário internacional, influenciando gerações de músicos e se tornando um ícone do Brasil no mundo.
Mesmo após décadas de seu lançamento, "The Girl From Ipanema" mantém sua frescura e seu poder de encantar. Sua presença em trilhas sonoras de filmes, adaptações e inúmeras regravações atestam sua relevância contínua. É uma canção que transcende fronteiras e idiomas, tocando os corações de pessoas ao redor do globo.
Em suma, "The Girl From Ipanema" é uma joia da música brasileira que cativa pela sua melodia envolvente e pela atmosfera única que evoca. Getz/Gilberto e Astrud Gilberto criaram uma interpretação magistral que captura a essência da bossa nova e do espírito carioca. Uma canção atemporal que permanece como um tesouro da música brasileira, deixando um legado duradouro na história da música mundial.
Para ouvir, clique
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