O números da Operação Fim da Linha revelam dimensão alarmante da lavagem de dinheiro por organizações criminosas

A Polícia Civil do RS deflagrou, na última quarta-feira (7), a quarta fase da Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí, com o objetivo de desarticular organizações criminosas dedicadas à lavagem de dinheiro vinculadas a facções atuantes no Rio Grande do Sul e em âmbito nacional, inclusive no RN. A ação coordenada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo mobilizou mais de 1.300 policiais civis de 23 estados brasileiros.

A operação, que resultou no cumprimento de 403 mandados de busca e apreensão, quatro prisões preventivas e apreensão de veículos, embarcações e aeronaves, abrangeu 113 municípios em todo o país. Ao todo, foram bloqueadas contas bancárias de 188 investigados, além da apreensão de bens avaliados em aproximadamente 43 milhões de reais, incluindo dinheiro em espécie, armas, veículos e drogas.

As inivestigações tiveram início em 2021, com foco no desmantelamento de uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas, contrabando de cigarros e armas em diversas regiões do Estado do Rio Grande do Sul. Durante o curso da Operação Fim da Linha, foram identificadas várias ramificações dessa organização criminosa, constatando-se a participação de indivíduos que comandavam o comércio ilícito de drogas de dentro do sistema prisional, estando ligados a duas facções criminosas, uma atuante no RS e outra a nível nacional.

A quarta fase da operação concentrou-se na investigação de lavagem de dinheiro, revelando um amplo esquema envolvendo o tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo e contrabando de cigarros. Foram identificadas inúmeras operações bancárias, transferências de dinheiro, depósitos e uso de contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas, algumas criadas com a propriedade exclusiva de "lavar" o dinheiro das organizações criminosas.

Durante o inquérito, foram descobertos indivíduos de outros estados, como Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás e Bahia, que estavam envolvidos nas atividades de lavagem de dinheiro. Além disso, foram identificados pessoas físicas e jurídicas que atuavam como "laranjas" nesse esquema, movimentando grandes quantias de dinheiro de forma incompatível com seus perfis e estilo de vida.

Os valores movimentados chamaram a atenção das autoridades, com registros de transações que totalizaram mais de 2 bilhões de reais em movimentações suspeitas. A investigação revelou a existência de quatro principais investigados, responsáveis por movimentar milhões de reais em  curtos períodos de tempo. Um deles movimentou mais de 6 milhões de reais, enquanto outro ultrapassou a marca de 36 milhões de reais. Além disso, foram identificadas duas empresas fantasmas que movimentaram valores expressivos, chegando a quase 95 milhões e 27 milhões de reais, respectivamente.

Os resultados da Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí demonstram a extensão e a capilaridade das organizações criminosas envolvidas nesse esquema de lavagem de dinheiro. Não se limitando a grandes centros urbanos, as expectativas de remessas e receptores de valores do crime organizado foram identificados em pequenas cidades do Brasil, reforçando a amplitude das atividades ilícitas relacionadas ao tráfico de drogas e armas.

A operação contorno com o apoio logístico e operacional da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e do Ministério da Justiça e Segurança Pública, através do Projeto MOSAICO, que promoveu a integração entre as Polícias Civis de 23 estados brasileiros no combate a essas organizações criminosas . Além disso, a operação se beneficiou do apoio do Ministério de Justiça e Segurança Pública, vinculada à Operação Hórus, que visa coibir crimes fronteiriços em todo o território nacional.

As investigações continuam em andamento, e os números já impressionam: foram apreendidos ou bloqueados 280 veículos, avaliados em R$ 30.000.000,00, que se encontraram envolvidos nas atividades criminosas ou indisponíveis para os criminosos. Também foram apreendidas ou bloqueadas 9 aeronaves, com um valor estimado em R$ 14.000.000,00, que eram utilizadas nas operações ilícitas ou se encontravam sob indisponibilidade/sequestro. Além disso, 7 embarcações foram apreendidas ou bloqueadas, totalizando aproximadamente R$ 1.000.000,00 em valor.
O patrimônio tributário das organizações criminosas também foi atingido, com 42 imóveis colocados sob gravame de indisponibilidade, cuja avaliação se aproxima de R$ 20.000.000,00.

Durante a operação, foram apreendidos aproximadamente 1,9 kg de ouro, com um valor estimado em R$ 590.000,00. Além disso, foram encontrados cerca de R$ 2.500.000,00 em dinheiro em espécie, incluindo real, dólar, euro e libra.

Esses números impressionantes demonstraram a magnitude das atividades criminosas desarticuladas pela Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí. A apreensão de veículos, aeronaves, embarcações, imóveis e valores em ouro e dinheiro em espécie evidencia a extensão do patrimônio acumulado pelas organizações criminosas envolvidas.

A continuação das investigações visa desvendar ainda mais detalhes sobre as operações ilícitas, identificar outros envolvidos e aprofundar a compreensão da lavagem de dinheiro relacionada ao tráfico de drogas, contrabando de cigarros e armas. A atuação conjunta das autoridades de segurança pública de diversos estados brasileiros, bem como o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, tem sido fundamental para o sucesso da operação.

Com base nos resultados já alcançados e na dedicação das equipes responsáveis, espera-se que a Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí continue desarticulando as estruturas das organizações criminosas, promovendo a segurança e a ordem em todo o país. A sociedade brasileira ansiosamente ansiosa por mais avanços nesse combate incisivo ao crime organizado.

Polícia Civil do RS