25/05/2022 às 12h43min - Atualizada em 25/05/2022 às 12h43min

CNJ mantém decisão que impediu posse de juiz branco em vaga de cotista

Parecer dos fenótipos confirmou que o candidato não preenchia os requisitos necessários para admissão.

Em sessão ontem (24), CNJ manteve decisão que impede posse de juiz (Crédito: CNJ)

O Plenário do Conselho Nacional de Justiça ratificou a liminar que suspendeu a posse de candidato a concurso para juiz substituto do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que teria concorrido em vaga reservada a candidatos negros, sendo branco.
 
Após verificação dos fenótipos, feita por especialistas e pesquisadores a pedido do CNJ, o parecer confirmou que o candidato não preenchia os requisitos necessários para sua admissão.
 
A decisão tomada ontem (24), durante a 351ª Sessão Ordinária do CNJ, manteve o entendimento, em caráter de urgência, do conselheiro Luiz Philippe Vieira de Melo Filho, relator do Procedimento de Controle Administrativo (PCA) 0002371-92.2022, impetrado pela Associação Nacional de Advocacia Negra.
 
“O CNJ tem uma preocupação com o acesso à Justiça de população vulnerável, com políticas afirmativas. Mas aqui, o simples fato de o requerente ser a Associação Nacional de Advocacia Negra já é um sério indício de que eles próprios não reconheciam a ocupação dessa vaga por alguém que não possuía essa qualificação”, reforçou o presidente do CNJ, ministro Luiz Fux.
 
O advogado Tarcisio Francisco Regiani Junior foi aprovado no 48º concurso para ingresso na magistratura do TJ-RJ se autodeclarando negro. A posse ocorreria no dia 19 de maio, quando o requerente entrou com a liminar impugnando a inscrição do advogado.
 
O relator da liminar afirmou em sua decisão que a política pública de cotas se destina a pessoas negras com base em características fenotípicas de pardos ou pretos, "um fenótipo que pode lhe gerar preconceito", e não a pessoas que se sintam pertencentes à cultura dos afrodescendentes.
 
"As acusações trazidas são graves. O desrespeito sistemático à reserva de vagas para pessoas negras (pretas ou pardas) revela-se um prejuízo direto à política desenvolvida pelo CNJ", disse Vieira de Melo Filho. Ele reforçou que a avaliação dos especialistas, que não gerou custos ao Conselho, explicitou a não caracterização fenotípica do candidato.
 
"O candidato em questão não caracterizava dois dos fenótipos necessários e, por isso, mantenho a liminar e proponho o caso ao exame do nosso Plenário", disse, o relator, durante o julgamento da liminar.
 
Histórico

A Resolução CNJ 203/2015 dispôs sobre a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e de ingresso na magistratura para pessoas negras. Antes de 2013, o número de juízes negros não chegava a 16%; em 2018 — três anos após a reserva das vagas entrar em vigor — esse número havia subido para 18%.
 
Em 2021, pesquisa do CNJ mostrou que o número chegou a 21,6% dos juízes em relação ao ano anterior, ritmo considerado lento pelos pesquisadores. Seguindo nessa velocidade, o fim da desigualdade entre negros e brancos na magistratura só irá acontecer em 2049, segundo os dados do levantamento.
 
 
Com informações da assessoria de imprensa do Conselho Nacional de Justiça.

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