12/05/2022 às 10h36min - Atualizada em 12/05/2022 às 10h36min

Mais de 50% dos infectados têm sequelas a longo prazo

Fadiga é a principal queixa apontada em estudo feito pela Fiocruz Minas

A fadiga é a principal queixa relatada no estudo da Fiocruz
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou ontem (11) um estudo em que mostrou as sequelas em pessoas que foram infectadas pela Covid-19. Chamada de “Covid longa” pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os efeitos da síndrome ao longo do tempo acometeram 50,2% das 646 pessoas acompanhadas durante 14 meses. Foram contabilizados 23 sintomas diferentes desenvolvidos após o término da infecção.
 
A principal queixa relatada pelos pacientes foi em relação à fadiga, que se caracteriza por cansaço extremo e dificuldade em realizar atividades rotineiras. Ela foi indicada por 115 pessoas (35,6%). Depois, aparecem a tosse persistente (34,0%), dificuldade para respirar (26,5%), perda do olfato ou paladar (20,1%) e dores de cabeça frequentes (17,3%).
 
O estudo da Fiocruz Minas também destaca transtornos como insônia (8%), ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%). Entre os relatos estão ainda sequelas mais graves, como a trombose, diagnosticada em 6,2% da população monitorada.
 
O documento foi publicado na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. Segundo a pesquisadora Rafaella Fortini, coordenadora do estudo, “todos os sintomas relatados iniciaram após a infecção aguda e muitos deles persistiram durante os 14 meses”.
 
“Os fatos mais marcantes e que nos surpreenderam foram o número muito alto de pacientes que desenvolveram a Covid longa, e o fato das sequelas terem vindo tanto após as infecções moderadas e graves, mas também as infecções leves. São dados bastante importantes e que precisam ser melhor aprofundados”, pontua a pesquisadora.
 
Conforme indicou o estudo, os sintomas pós-infecção se manifestam nas três formas da doença: grave, moderada e leve. Na forma grave, 33,1%, tiveram sintomas duradouros. Já na forma moderada 75,4%, manifestaram sequelas e, com a forma leve, 59,3% apresentaram sintomas meses após o término da infecção.

A coordenadora do estudo disse ainda que as análises são feitas a partir de uma recorrência de relatos de uma mesma sequela. Identificado esse ponto comum, há um aprofundamento das análises. Porém, ela diz que muitas das sequelas foram observadas após diagnósticos médicos, e não apenas através de relatos dos pacientes. Este são os casos da trombose, insônia e ansiedade.
 
“O estudo acende um alerta”, diz Fortini. “A própria OMS já se pronunciou em relação a isso e já declarou que a Covid longa é um novo problema de saúde pública a ser enfrentado. Precisamos aprofundar as nossas análises para ter um entendimento mais claro possível para saber como resolver esse problema. E para a população é aquele alerta de que estamos em um novo momento em que precisamos aprender a conviver com a Covid e com as consequências dela. Não podemos deixar de nos preocupar”, ressaltou.
 
Apesar das falhas apresentadas ao longo da pandemia, Fortini entende que o país está mais preparado para lidar com questões de saúde pública, destacando que ainda é preciso avançar bastante.
 
“Estamos mais preparados, mas ainda precisamos melhorar esse nosso preparo. Tem um caminho longo pela frente. Da parte da ciência, há uma maior interação entre todas as instituições, pois o objetivo é comum: o bem da população e fortalecer a saúde pública. Essa pandemia ensinou muita coisa. Mostrou como falhamos muito em ações mais rápidas. Ainda é preciso melhorias e aprofundamento nesse preparo para doenças emergentes que estão surgindo, como essa hepatite infantil e a Covid longa”, destacou.
 
A pesquisadora pontuou ainda que os investimentos precisam ser maiores. “Não só na ciência, mas na formação de novas plataformas que vão permitir diagnósticos mais rápidos e eficientes”, finalizou.

Com informações da CNN Brasil

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